sábado, 4 de abril de 2015

Da nossa história… (25) (apoiado na História dos Escoteiros de Portugal - de Eduardo Ribeiro e jornal escotista “Sempre Pronto“)

Visibilidade internacional
Conferência Internacional do Escotismo
Ainda no ano de 1961, nova polémica estalou no seio da AEP, a propósito do anúncio da realização, em Lisboa, da 18.ª Conferência Internacional do Escotismo, uma excelente oportunidade de prestigiar o escotismo português e promover a sua divulgação junto do público. Foi esta desencadeada pelo secretário das Relações Internacionais, Manuel Lopes Peixoto, que se manifestou incomodado com a publicação de comentários ao local da sua realização no sempre atento “Sempre Pronto”, onde se podia ler:
”… Por outro lado, e já que nos é dada a feliz oportunidade de receber elementos de diversas raças e reli
giões, incluindo nestas as não cristãs, parece-nos de toda a conveniência que os nossos visitantes tomem contacto com o nosso povo e sintam o ambiente de tolerância da nossa gente, completa ausência de discriminação racial e, até, a simpatia que sempre nutrimos por raças estranhas. 

Delegados Americanos, Japoneses e Filipinos, presentes na Conferência
“Estas nossas considerações são ditadas pelo facto de nos ter constado, embora sem carácter oficial e, portanto, sem qualquer segurança de realidade, que se projecta a realização da Conferência no Seminário dos Olivais. Sem dúvida, que aquela Instituição oferece excelentes instalações e é muito de agradecer que os seus directores estejam prontos a acolher a Conferência. No entanto o local onde o Seminário se encontra instalado está arredado do convívio da cidade, numa zona ainda por urbanizar e portanto pouco acolhedora. Além disso, a realização da Conferência num Seminário desvirtua a característica da Conferência, iludindo o público acerca do seu amplo significado. Pode ainda dar a falsa impressão de que se procura afastar do centro da cidade, segregar talvez, por quaisquer preconceitos, os nossos visitantes.
 “Estamos firmemente convencidos de que as autoridades oficiais teriam o maior prazer em dispensar para a realização da Conferência um edifício público, onde normalmente se realizem Congressos Internacionais. Não merece a pena citar nenhum porque qualquer deles ofereceria boas condições para albergar a Conferência, demonstraria o bom acolhimento das autoridades portuguesas e conservaria os nossos visitantes – em número de algumas centenas – em contacto mais estreito com a capital portuguesa e com o povo português.
Reunidos numa sala de aulas,
um grupo de estudos discute um tema de interesse
 “No interesse do próprio Escotismo Português parece que conviria dar à Conferência a maior projecção. Seria conveniente também para o país que a mesma fosse realizada em edifício do Estado; fosse hóspede da nação e não de uma entidade particular, embora digna do maior respeito. Parece-nos ainda importante que o público compreenda e conheça o alto significado do Escotismo Mundial, reconhecendo a Conferência Internacional como representativa de um movimento não sectário que abrange jovens de todas as raças e crenças. Isto passará despercebido se for realizada no Seminário dos Olivais”.

A voz do “Sempre Pronto” soou no deserto e a Conferência efectuou-se efectivamente no Seminário dos Olivais, de 20 a 24 de Setembro, perdendo-se todo o impacto que teria se realizada em local mais central de Lisboa.
Sessão solene de inauguração da Conferência
Acrescentaremos, mesmo, que, contrariamente ao que tínhamos vivido em 1951, a Conferência passou quase despercebida da população e nem nas hostes escoteiras despertou o entusiasmo que um acontecimento daquela natureza sempre justifica.

“Na 18ª Conferência Internacional foram tratados assuntos de suma importância para o Movimento, tais como a eleição de um terço dos membros do Comité Mundial, a reforma dos estatutos da organização, a apresentação de relatórios sobre o desenvolvimento do Escotismo em diversas partes do mundo e ainda o estu-do e discussão de problemas diversos, como seja a preservação dos valores fundamentais do Escotismo, novas ideias para o programa escotista, formação social do adolescente e o seu adestramento espiritual, o problema financeiro do Escotismo ao nível local e nacional, etc.” – jornal “S.P.” de set/out 1961.

Antes da Conferência, de 15 a 18 de Setembro teve lugar, no Palácio Foz, a reunião do Conselho Internacional para a Formação de Dirigentes e a reunião da Equipa de Adestramento Internacional. Nesta reunião tomaram parte o Chefe do Campo de Formação de Chefes da Insígnia de Madeira de Gilwell Park, os delegados e membros das equipas de adestramento dos diferentes países. Também estiveram presentes o dr. João Ribeiro dos Santos, general Leo Borges Fortes e Engº Salvador Fernandez do Conselho Interamericano de Escotismo.
Os delegados à III Conferência Internacional de Treino

Após a Conferência, a reunião «get-toghether», ou seja a reunião informal dos Secretários Internacionais, decorreu em ambiente de excelente espírito escotista, oferecendo a oportunidade de aprofundadas trocas de ideias entre os diversos participantes.

Curso de “Insígnia de Madeira”
Tornara-se, entretanto, notória a preocupação de Nobre Santos na organização de Cursos para Chefes.
Tendo completado no ano anterior o Curso de “Insígnia de Madeira”, ministrado em Gilwell Park, em Inglaterra, aquele dirigente nomeado Deputado Chefe do Campo de Guilwell para Portugal, assumindo a chefia do Campo-Escola da AEP, chamou para seu adjunto Pena Ribeiro, que igualmente completara as provas técnicas de Gilwell Park e, logo em Fevereiro, ambos começaram a delinear a realização do 1.º Curso de Insígnia de Madeira dos Escoteiros de Portugal, tendo anunciado um Curso Preliminar, “aberto aos interessados em participar, sejam chefes de Grupos, caminheiros ou mesmo jovens alheios ao Movimento, com idades de 18 a 26 anos…” a realizar-se de 31 de Maio a 25 de Junho.
Uma das patrulhas participantes, onde podemos identificar os três primeiros, que são, respectivamente, José Relvas, João Constantino e Mariano Garcia, que ainda hoje pertencem ao efectivo da Fraternal.
O 1.º Curso de Insígnia de Madeira teria lugar na Costa da Caparica, de 7 a 15 de Setembro no PNEC, assegurando para esse efeito a colaboração de uma equipa de formadores da UEB, chefiada pelo prestigiado dirigente João Ribeiro dos Santos, aproveitando a sua estadia em Portugal para participar na Conferência Internacional de Escotismo. Este curso veio efectivamente a realizar-se naquela data, mas a sua escassa frequência decepcionou Nobre Santos, que contou apenas com um efectivo de duas patrulhas.

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